quarta-feira, 13 de junho de 2007

Além da curva

Desde pequena, eu sou buscada em muitos lugares.

Ser buscada quer dizer que eu fico em pé esperando alguém passar de carro e me buscar.

Normalmente, espero depois da curva.

E fico adivinhando quem vai sair da curva.

Se o barulho é muito tec-tec, adivinho que é um fusca.

Se é um barulho de vento, adivinho que é o carro do jaspion.

Se ouço ruído aventureiro, é uma jaqueta de couro na moto.

Se faz plim-plim-plim, é um vagalume com sua besourinha.

Se soa muito grave, é uma nuvem cheia de chuva.

Se é como um suspiro, lá vem uma flor desabrochando.

Sei quase todos os barulhos que vêm da curva.

Menos um.

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