terça-feira, 29 de maio de 2007

Ivete

Meu Deus, a mulher não pára de pular.

Ivete tem pernão e não pára de saltitar e cantar e animar a massa.

Ivete tem decotão e cabelos longos e remexe os quadris e os braços.

Ivete pula e empolga a galera.

Alegria, alegria.

Na verdade, Ivete chega no camarim, depois do show, se joga no sofá e começa a chorar. Sim, ela conhece a melancolia. A depressão é sua parceira. Depois de um show, a única coisa que resta é entregar-se ao choro e deixar a tristeza falar. Baiana arretada.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

meu dicionário

e daí? - atitude blasé muito necessária

e daí? - resposta do assaltante ao policial, que o indaga sobre o motivo do crime

e daí? - expressão usada pela criança curiosa, que quer saber o fim da história

e daí? - minha resposta ao açougueiro, que queria saber porque minhas bochechas ficaram subitamente gordas

sábado, 26 de maio de 2007

Só hoje

Hoje eu queria ter lábios muito grossos e desafiar uma platéia com minha voz rouca. Queria ter cabelos longos e cacheados e fazer um nózinho insolente na ponta. Queria que meu rímel borrasse na lateral para tornar o erro um charme. Queria estar com um vestido roxo e completar com sapatos de veludo. Queria ter bundão e peitinho e descontrair-me com esses paradoxos. Queria delicadamente fazer piadas de humor negro e rir entortando a boca.

Hoje eu queria ter a vocação de um palhaço anão. A coragem de um suicida. A liberdade de um mendigo. Queria estar em 1900 e 2008 ao mesmo tempo.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Clara responde

Deu hoje, na rádio evangélica, programa de perguntas e respostas:

Sr. Cláudio de Silva e Souza:
Pastor, preciso muito da sua ajuda. Sempre fui muito ciumento, mas ultimamente o mundo está me provocando. A minha mulher, pastor. Ela tem uns amigos que ligam perguntando sempre, como vai a vida. A minha mãe, pastor. Dá mais atenção para o meu filho do que para mim. O meu cachorro, pastor. Outro dia roeu um osso dado pelo vizinho e desprezou o meu. O síndico, pastor. Cuida mais dos jardins do bloco 2 do que do meu. E Deus, pastor! Ele sempre me deu mas bola que aos outros, mas agora tudo mudou, pastor! Acho que Deus devia ser mais atento a mim! O que devo fazer?

Pastor Osvaldo:
Cordeiro de Deus, tenho dois pontos para discutir com você. Primeiro, achei esse seu ciúme do síndico um pouco estranho. Você deve procurar o nosso serviço de retificação sexual. Segundo, essa sua possessão em relação a Deus foi um pouco abusiva. Está pensando o quê? Deus pertence a todos, mas é um pouco mais dos pastores. Não me venha com essa. Ele é mais meu do que seu. Ora pombas.

Minha resposta:
Amigo, seu caso é cabeludo pra dedéu. Melhor você comprar uma escopeta.

tormenta da semana

Duas preocupações me acompanharam essa semana: primeiro, o artigo que escrevi para um congresso. Segundo, a avó que vou ser.

Quanto ao artigo, me sinto muito mal. Quanto à avó que vou ser, me sinto pior ainda.

Eu não sei fazer quitutes de avó. Não uso óculos redondos. Não prendo os cabelos com grampos. Não tenho vocação para ser gordinha com buzanfinha. Claro que a avó que estou imaginando é a Dona Benta e ela quase não existe mais. Mas, puxa, será que vou ser uma avó de mega-hair, que usa tonificantes para a pele não perder a tez macia, que faz jogging e que reclama de falta de tempo? Quero que os meus netos entrem na minha casa sem saber que a dimensão tempo existe. Que procurem os potes de doce e que me peçam chiclete - vou ter que me controlar pra não dizer que dá cárie.

Tudo bem, vá lá, algumas coisas de avó eu sei fazer. Cato piolhos muito bem , estouro lêndeas como ninguém, e conto histórias boas. Muitas boas histórias. Bons artigos? Ainda não. Será que vou querer contar pros meus netos os artigos que escrevi? Por Júpiter.

Cruzes. Que loucura essa vida. Ainda bem que falta tempo. Até lá, aprendo a ser avó muito bem. E, quem sabe, a escrever artigos.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Aritmética da curvatura

10 dedos na mão
+
2 PFs na barriga
=
plantei bananeira, mas ficou assim meio tortinha

terça-feira, 22 de maio de 2007

futilidades

Todo dia eu venho aqui e tico-tico meus dedinhos no teclado.

Meus dedinhos tico-ticam futilidades

E eu proclamo o óbvio.


O pior é que continuo gostando de tico-ticar.

A pedra no caminho

Hoje eu estava andando na rua, não vi uma pedra, tropecei e levei um tombo.


Se eu tivesse visto a pedra,
não estaria com uma puta dor no cotovelo esquerdo.

Se eu tivesse visto a pedra,
não estaria com o braço fumegante.

Se eu tivesse visto a pedra,
não teria devolvido o sorriso para o menino que caçoou de mim.

Se eu tivesse visto a pedra,
não teria visto a cara de ai meu deus do camelô de incensos afrodisíacos.

Se eu tivesse visto a pedra,
não teria sido ajudada por uma senhorinha de guarda-chuva lilás.

Se eu tivesse visto a pedra,
meu dia não seria uma dia,
só um monte de horas passadas.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

sumidouro

Desde que eu me entendo por gente, perco tudo. Perco sapato, perco brinco, perco diploma de segundo grau, perco remédio, perco a paciência. De uns tempos pra cá, andei reparando que não sou eu quem perde tudo: aqui em casa tudo some. Coloco um sanduíche na tostadeira e ele some. Faço o fichamento de um livro e ele some. Separo uma blusa para vestir e ela some. O pote de linhaça some. A pen drive some. As abóboras do jardim somem. E até meu caderninho de invenções, que não serve para ninguém, acabou de sumir.

Tudo dos meus irmãos some também. Minha irmã, então, nem se fala. Outro dia sumiu o edredon dela. Ela comprou um edredon gigantesco, de casal, para ficar bem afofada ali dentro. E não é que o treco sumiu? Ela acordou e não achou mais. A gente já tentou ter um cachorro, mas não deu, em dois dias o pastor alemão tinha sumido. Tudo some tanto que a gente descolou uma simpatia pra achar as coisas. É o São Longuinho. Basta pegar a imagem do santo e falar: São Longuinho, São Longuinho, se eu encontrar o que estou procurando, dou três pulinhos. Funcionou muito bem, até a imagem do santo sumir.

Achei que esse tinha sido o auge, mas não. Meus irmãos deram um churrasco e sumiu um convidado. A mãe do menino veio aqui reclamar, botou o nome do moleque na lista da polícia de pessoas desaparecidas, e nada.

Dia desses estava na rua e encontrei com uma amiga que não via há muito tempo. Ela: "Mas você está sumida, hein?". Fiquei com medo. Será que serei eu mesma a próxima vítima?

crise do suporte

Há a crise da idade da loba, a crise da economia global e a crise do suporte.

Por crise do suporte, ou revolução do suporte, entende-se que a obra de arte está ganhando novos espaços que não os originalmente concebidos. (Perdão pela definição curta e simplória). Se antes os caras só pintavam em telas, agora pintam em muros: muda-se o suporte, fica a obra de arte. Com outros significados, outras relações, claro. Se antes os caras escreviam com penas em papel, agora escrevem em blogs.

Os defensores dos novos suportes dizem que não há diferença qualitativa entre a produção literatura online e o livro, objeto físico.

Mas eu acho que tem, sim.
"Livro não enguiça", já disse o meu ídolo Millôr.

(!!!)

sábado, 19 de maio de 2007

uma canção, um comentário

Canção

A canoa virou

A canoa virou
Por deixá-la virar
Foi por causa da Sandra
Que não soube remar
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Tirava a Sandra
Do fundo do mar



Comentário:

Gosto dessa música. Tenho boas lembranças dela. É engraçado esse lance da culpabilidade. Juntando com a música do "Crime hediondo na casa do João", acho que rola uma certa vontade de botar a culpa em alguém. Como se a gente estivesse sempre buscando um culpado: quem roubou pão na casa do João, quem não soube remar direito e deixou a canoa virar.

E se a culpa fosse do marceneiro que não fez a canoa direito? A culpa pode ser até do cara que vendeu a madeira pro marceneiro. Ele poderia ser um charlatão e garantiu a qualidade do material picaretamente. Não entendo isso de dizer que foi por causa da Sandra, que não soube remar. Não é todo mundo que pode fazer aula de remo na Lagoa Rodrigo de Freitas.

A parte que eu mais gosto dessa canção é "se eu fosse um peixinho". A Sandra se lascou, não remou direito e foi parar no fundo do mar, estava lá na maior agonia, e o cara pensando que se fosse um peixinho salvava a moça. Não é bonito? Desejar as guelras, as escamas. "Quem dera ser um peixe", já dizia Fagner. É isso. Fazer borbulhas de amor pra te encantar.

Jurujuba

Existe uma praia em Niterói que se chama Jurujuba.

Jurujuba: jujuba que ficou jururu.

Acho muito compreensivo uma jujuba ficar jururu. Ela é toda bonitinha, colorida, divertida, o formato exato para colocar entre o polegar e o indicador. Mas note a crueldade: ela já nasce pronta para morrer. Tudo bem, tudo bem, esse também é o nosso fim, é o destino tanto das jujubas quanto dos que escrevem blog. Mas com a jujuba é pior, ela morre deglutida por crianças cruéis. Massacrada por dentes de leite. Os restos mortais pendurados naquele dente definitivo recém- saltado.

Se eu fosse um jujuba, também ficaria muito jururu. Jurujuba.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

uma canção, um comentário

Canção:

"Crime hediondo na casa do João"
(título criado por mim)

Fulano roubou pão na casa do João
Quem eu?
Tu sim.
Eu não!
Então quem foi?
Foi sicrano.


Comentário:

Ó céus, que motivo estranho, que força maligna fazia com que a gente cantasse isso incessantemente nas viagens de ônibus? Essa é uma das músicas mais xôxas da história ocidental. (Da oriental, não tenho conhecimento suficiente para dizer. Nunca vi um japonês cantando isso).

Algum pós-moderno diria que a estrutura de perguntas e respostas intergrupal serve para promover a integração dos seres humanos, que modernamente estão altamente individualizados e auto-referidos em sua própria esfera sensorial. Po, mas tudo isso respondendo quem eu? tu sim?

Olha, mas o pior é que, até hoje, ninguém assumiu a culpa por ter roubado o pão na casa do João. Eu fui pessoalmente na casa do João dia desses. O cara é gente boa e eu gosto dele. Movida por um saudosismo, fui na cozinha conferir se o pão tinha sido roubado mesmo. Sempre suspeitei que ele podia estar blefando, posando de vítima de assalto só para ser eternamente lembrado por todas as crianças. Preparem-se para a verdade: de fato, não havia pão na casa do João. Alguém roubou. Ele está passando fome. Quem cometeu esse crime? Eu não. Então quem foi?

falta de inspiração - II

Falta de inspiração é um problema

As palavras começam a sumir

Daí resulta um versinho

Que nem esse aqui

terça-feira, 15 de maio de 2007

O jabuti que não tive

Eu nunca ganhei um jabuti.
Meu jabuti seria branco,
com as patas vermelhas.
Quer dizer, as patas pintadas de vermelho.
As asas muito peludas,
o focinho bem esperto,
a nadadeira machucada de tanto esvoaçar.

Eu nunca ganhei um jabuti,
só porquinho da índia.

coisas que não entendo

Por que alguém teve a idéia de criar a bomba atômica?

Por que alguém teve a idéia de criar a câmara de gás?

Por que alguém teve a idéia de colocar o Bochecha do Claudinho para fingir de atendente numa loja de sucos?

segunda-feira, 14 de maio de 2007

o menino

Era uma vez o menino que carregava água na peneira.

Ele gostava de cantar com as árvores e subir nos pássaros.

Ele gostava de bater papo com as pedras.

Ele fazia destravessuras.

E gostava das minhas ternurinhas.

Progressão aritmética

esquecer o aniversário de alguém - 100g de culpa

copiar a idéia do amiguinho - 500 kg de culpa

desejar a morte de uma pessoa e ela morrer - 1 tonelada de culpa

xingar uma pessoa de maldita e ela te oferecer um bombom de avelã- 20.000 ton de culpa

domingo, 13 de maio de 2007

o papa é pop

contra o aborto
contra a camisinha
contra o sexo por prazer
contra o homossexualismo
contra o rock


po, Papa, assim fica difícil ser católico!

meu dicionário

Frio - o que tentamos sentir em julho no Rio.

Frívolo - tio mais velho do frio.

Frivolidade - pessoa de terceira idade dançando frevo.

sábado, 12 de maio de 2007

Surpresa

Uma das coisas que mais me diverte atualmente é ser surpreendida. Não isso de levar um susto, alguém colocar uma barata na minha bolsa, etc. Me refiro à deliciosa sensação de ter uma certeza concreta, um pensamento entabulado há séculos, daí vai lá alguém e, ploft!, explode aquilo tudo, mostra mil outras direções. Que coisa boa. Nem sempre é possível perceber essas sutilezas, pois andamos tão armados... o que se ouve o tempo todo é: mostre a que veio! não se deixe influenciar! Tenha personalidade! Por Júpiter. Nesse sentido, ter personalidade é a imbecilidade maior do mundo. Prefiro andar desarmada.

Hoje fui a um encontro de pessoas que querem fazer alguma coisa pelas crianças brasileiras. Entre outras pessoas muito legais, estava lá o Siro Darlan. Sempre achei que ele era um juiz bobão que impedia as crianças de participar do desfile de escolas de samba. Enfiava aqueles cracházinhos nos pequenos, fazia inspeção na entrada, acabava com a ala mirim. Que nada, o cara é genial. Impressionante a visão de infância dele. Explodiu as minhas limitadas fronteiras, me deu uma luz danada. Ai, que coisa boa.

Futuro do pretérito

Não gosto de cachorros.
Mas um poodle eu teria.

Não vou com a cara do Recreio.
Mas numa casa com jardim de orquídeas eu moraria.

Não como jiló.
Mas disfarçado na sopa eu adoraria.

Não sou lésbica.
Mas a Cindy Crawford eu pegaria.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

A língua que me prende

Estou presa. Estou presa pela língua portuguesa. Choro em português, chovo em português, grito em português, abomino em português, escrevo em português. Sou o que sou porque essa é a minha língua mãe. Mátria, pátria, frátria. Ela é o signo absoluto em que as coisas se materializam em meu cérebro. Se penso através dela, estou moldada a ela.
Isabel Allende mora hoje nos EUA e é casada com um americano. Ela disse certa feita que não conseguiria jamais falar coisas bonitas para ele em outra língua que não o espanhol. Quer prova maior da prisão ideológica da língua? Também seria impossível para mim dizer I love you. Nem mesmo o tão caliente te quiero.
Estudar outra língua realmente faz nascer outra alma. Aprende-se outro processo de pensamento, é quase como atuar.
Deve-se reaprender o português. Saber gramática ao ponto, para errá-la al dente, já dizia o poeta.

Clara responde

Hoje, na rádio evangélica, programa de perguntas e respostas.

Ouvinte Glória Dias:
Pastor, sou mãe de uma menina de 14 anos. Não quero ser uma mãe ultrapassada, deixo ela usar mini-saia e tal, mas certas coisas me deixam de cabelo em pé. Imagina que minha filha inventou de ficar. Beija um, beija outro, rebeija o um, já pensando no terceiro que está chegando. Ó céus! Outro dia minha filha me disse que estava ficando com o Robertinho. Pensei: ai, que bom, Robertinho é rapaz direito, trabalhador, frequenta a Igreja. Mas não é que no mesmo dia vi o garoto na porta da Igreja beijando outra menina? Antes da reza até perguntei: Roberto, você não está com minha filha? E ele: Não, tia, tô só ficando. Me diga pastor, me diga: ficar é uma forma de se prostituir?


Resposta do Pastor Osvaldo:
Cordeira de Deus, ficar não é uma forma de se prostituir. Você tem que ser mais tolerante com essa juventude. Eles estão experimentando, testando os limites dos adultos. Converse mais com sua filha, mas tenha certeza de que ela não é uma alma condenada. Interprete o ficar como uma busca pelo verdadeiro e justo amor divino. Só não deixe que ela busque demais, senão ganha fama na vizinhança. A propósito, sua voz é muito bonita. Que paróquia mesmo você frequenta?


Minha resposta:
Ficar é se prostituir, veja bem: outro dia vi umas notícias e fiquei muito nervosa. Uma pessoa também pode se prostituir muito nervosa. Fiquei pensando no que será das crianças de rua. Uma pessoa também pode se prostituir pensando no que será das crianças de rua. Depois fiquei com fome. Já soube de pessoas que se prostituíram com fome. Ficar e prostituir-se, amiga, são termos correlatos. Tome cuidado.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Clara responde

Deu hoje, na rádio evangélica, programa de perguntas e respostas.


Pergunta da ouvinte Adriana Queiroz:
Pastor, eu não sei o que está acontecendo. Não quero chamar a atenção, quero ser pura e casta. Para isso eu me visto com roupas discretas, não corto o cabelo há séculos, não uso maquiagem nem de leve. Só saias longas, blusas largas sapatos rasteiros. Os meus perfumes, eu joguei na privada e dei descarga. Mas não adianta! Os homens me olham mesmo assim, pastor! Me cobiçam, me cobiçam! Eu ando na rua e sinto aqueles olhares me desejando. Já não sei mais o que fazer. Me ajude, por favor!


Resposta do Pastor Osvaldo:
Cordeira de Deus, a realidade não existe. Tudo depende de como vc olha. Se você quer comprar um carro novo, começa a ver um monte de carros na rua. Se você está grávida, começa a ver uma porção de grávidas. Se você está querendo se sentir desejada, claro que desperta a cobiça dos homens. O problema está em sua alma. Livre-se da danação e você verá como seu problema vai melhorar.


Minha resposta:
Amiga, vc já tentou pintar um bigode? Garanto que resolve.

terça-feira, 8 de maio de 2007

meus personagens

Eles moram em minha casa:

Natasha Icebergueira, pinguim de geladeira

Salim, anão de jardim

Elisabeth, o pote de guardar chiclete

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Progressão aritmética

Romário errou o gol mil: 200g de decepção

Lula não fez a revolução: 500g de decepção

Deborah Secco é siliconada: 20 kg de decepção



A priminha que vc espiava trocando de roupa virou uma barangona: 2 toneladas de decepção

Progressão aritmética

Ver um gato preto na frente do cemitério: 100g macabro

Brincar de "compasso responde" em noite de lua cheia: 500g macabro

Comer uma coxa de galinha e imaginá-la inteira e viva: 20kg macabro

Sonhar com a Luciana Gimenez: 2 toneladas macabro

domingo, 6 de maio de 2007

Amélia


Eis Amélia.
Nascida em Fortaleza, desde pequena Amélia era apaixonada por tendências fashion. Aos sete anos, fez mechas azuis no cocoruto e nas costas. Aos quinze, tingiu-se toda de roxo. Inteirinha mesmo, toda sua felpudice. E não é que a moda pegou? Amélia foi imitada por muitas ovelhas na cidade, inclusive por sua arque-inimiga Dolly. O diacho da ovelha a copiou tão perfeitamente que acabou ganhando a fama de primeiro clone do planeta. Blé para você, Dolly.
Aos vinte, Amélia largou sua cidade natal e foi desbravar Paris. Lá, entusiasmada com as novidades fashion, resolveu descolorir aquele roxo muitô cafoná e trocar pelo rosa. Tonalidades de rosa, como costuma dizer. E ficou desse jeito aí em cima. Linda, né?
Recebi um telefonema de Amélia dia desses. Ficou sabendo do blog e pediu para participar. Quero investir no mundô digital, a agro-pecuárrria anda très decadente, argumentou minha amiga ovelha, altamente influenciada pela temporada em Paris. Lembrei que Amélia fazia mé como ninguém. Dava gosto ouví-la se apresentando: prazer, sou Améééééélia. Pedi na hora: Amélia, faz mé preu ouvir! Não, cherie, mé ficou para trás, agora eu faço mê. Mêêê!
Ela me convenceu. E agora é nossa musa. O blog aceita ovelhas com todos os sotaques, Amélia! Seja bem-vinda!

Méééééé para todos!



(PS: Alice, obrigadaça pelo presente!)

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Aritmética do aniversário

9 meses na barriga
+
23 anos fora dela
=
chamei meus amigos e fui bailar

Os espantalhos

Deve ser divertido ser um espantalho.
Em primeiro lugar, porque vc é feito de palha, o que reduz consideravelmente o risco de morte por infarto do miocárdio. Em segundo lugar, porque a maior obsessão da vida de um espantalho não é evoluir o mundo, contribuir para o país, salvar as crianças da ignorância, ter filhos, manter-se atualizado e ainda relaxar nos finais de semana. É espantar passarinhos. Enquanto os seres humanos ficam: o nasdaq subiu! o risco país caiu! mortes no trânsito! técnicas de fertilização! clonagem de células já!, o espantalho fica: lá vem o passarinho! lá vem o passarinho! lá vem mesmo!
e o que é mais engraçado é que, se o passarinho chegar perto, o q faz o espantalho? nada. se ele chega mais e mais perto, se ameaça perturbadoramente uma plantinha, qual é a reação do espantalho? nenhuma. talvez um assobio, de leve. outro dia conheci um espantalho que ficava levando lero com os passarinhos - ele tinha bom papo, era o jeito dele de evitar o assédio das aves.
Na verdade, acho que a Dorothy deu a todos os espantalhos um cérebro.

coisas que não entendo

Por que o espantalho espanta passarinhos?
Ele deveria espantar alhos.

Por que a corrente se chama corrente mesmo quando está parada?
Devia se chamar parente.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Um dia seremos Dercy

Nesses tempos de aniversário, tenho pensado muito nas mulheres brasileiras. E adivinha quem está martelando a minha cabeça: la Dercy. Ela mesma, com seus noventa e nove anos de desbocamento e suas vinte toneladas de pelanca. Dercy é ousada, é imperiosa. Foi musa do teatro de revista brasileiro. Improvisava pra dedéu, quer dizer, pra caralho. Musa marginal no cinema e na TV, seu maior legado foi ter inventado o porra na televisão brasileira.
No auge da carreira, Dercy mandou Hollywood pra puta que pariu. Foi pioneira das operações plásticas, principalmente das que dão errado. Aos oitenta, já meio mumificada, levou um calote de um empresário e voltou a trabalhar. Aos noventa e cinco, próxima da fossilização, afirmou: "Só vou morrer quando EU quiser, caralho". E não é que é verdade? Ela está aí, competindo com Fidel. Eu sou uma Dercypula assumida. E quem não for que se foda.