sexta-feira, 30 de maio de 2008

os acadêmicos se dizem portadores da liberdade de pensamento e crítica social na contemporaneidade.

mas eu acho que os pagodeiros são mais.

(será que tenho tino para pagodeira?)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

não tem jeito. a amarela é mesmo a melhor das juquinhas.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Debaixo dos caracóis

Por algum motivo estranho, me deu vontade de fazer trança embutida.
Mas como eu mal sei fazer rabo-de-cavalo, bateu um desespero. Fui procurar ajuda no Google.

Apareceram umas figurinhas coloridas e me pareceu mais fácil construir um foguete para a lua do que trançar o meu cabelo. Insisti: uns fios para lá, umas mechas para cá, alguns dedos presos no cérebro, e dali a pouco algo.

Minha trança ficou parecendo um sapo.

Não me importei, posto que gosto dos animais de língua grande, e saí na rua com a trançapo.

Veio uma princesa e beijou a minha trançapo. Esperou a transformação com ansiedade, mas a trança ficou igual: não se transformou em nada, nem em plebeu, muito menos em príncipe. A princesa reclamou, disse que eu tinha que ver no Google, que eu não sabia fazer trançapo direito.

Essas princesas de hoje em dia, tsc-tsc, estão apelando.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

o vestido era cor-de-burro-quando-foge.
mas eu preferia cor-de-burro-quando-fica.
quem sabe cor-de-burro-quando-se-revolta,
cor-de-burro-quando-nao-faz-nada,
ou cor-de-burro-quando-pensa-no-barulho-de-sinetas.
fiquei de decidir amanha.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

atchim!
aaaaaa
tch - tchim!
(fung)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Prezado J.,

E se eu tivesse 64 anos, ainda assim você me beijaria?

Atenciosamente,
L.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mistério

Alguém esqueceu um casaco aqui em casa.
Trata-se de um casaco masculino, dupla face preto-cinza, aberto na frente, sem capuz e de marca francesa, misteriosamente deixado na ponta do gancho do cabideiro.
O casaco pode ter sido usado em um enterro solene e não muito intenso, em uma festa rave de dia frio, em uma cena de chuva de filme urbano.
Pode ter sido presente de namorada, de tia, ou comprado apressadamente pelo próprio dono em um shopping em Botafogo, com uma vendedora pretensamente feliz.

O agasalho carrega muitas possibilidades. Que não serão colocadas em prática se ele continuar aqui, na ponta do gancho do cabideiro. Ei, dono, manifeste-se. Ou eu vou levá-lo para passear.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Querida Célia,

Agradeço sua carta e os desejos de melhora. A simpatia da sua avó me ajudou: tenho mentalizado gemada todo dia antes de dormir e isso me dá um tremendo alívio. Ontem mesmo recebi um e-mail que dizia: o ovo frito voltou. Que alívio que me deu! Finalmente! Já fazia um tempo que aquele ovo tinha sumido da minha gaveta, achei que ia passar todo o resto da minha existência sem ele. Logo aquele, que tanto demorei para chocar.

Pode parecer estranho, eu sei, não fique assustada, querida Célia. Você ainda é novinha, não sabe o que é ser uma galinha bloqueada. Desde que comecei a ter levas mais demoradas, passei a armazenar meus ovos em uma gaveta, aqui em casa, perto do computador, para ter uma reserva. Não guardo na granja não: tem muita galinha invejosa, Celinha, você se prepare. A roubalheira de ovos anda grande hoje em dia. Se a clara é rija, então, nem se fala. Mas está cada vez mais difícil armazenar os ovos, hoje em dia estão tão revoltadinhos... uns queriam ter virado pinto, outros omelete, e acabam dando um jeito de fugir da gaveta para tentar cumprir o que acham que é a sina deles. Foi o que aconteceu com esse ovo frito de que lhe falo. Enfim, agora ele voltou e me deixou mais feliz. Sinto até que posso sair dessa minha fase de bloqueio.

Um afago em todos. E mande notícias.

Dinorá

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Você arrasta o sofá com esforço, apenas para dar uma leve varrida, e topa com uma nota de cinqüenta reais há muito perdida. Filipeque. Abre a gaveta desordenada, procurando um documento bastante necessário, e esbarra com uma foto quase esquecida daquela pessoa mais que querida. Filipeque. Pega um livro emprestado, puído de mau-humor, e entre as páginas 21 e 22 se depara com um bilhete de amor que poderia ter sido seu. Filipeque.

Filipeque é o nome que se dá às pequenas felicidades encontradas por acaso. Eu sabia que isso existia (ô), apenas o nome desconhecia. Aprendi ontem e na verdade já esqueci. A palavra não é essa, é outra, não me recordo de jeito nenhum. E isso pouco importa, porque, filipeque, arrumei uma nova.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

daí me bateu uma vontade cã de me tornar avó.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Asseados

Um banheiro químico vazio pesa 90 quilos.
Cheio, 290.

Nunca pensei que um dia saberia essas informações. Mais, precisaria delas. Ó céus.

Pior é que a capacidade humana de encher um banheiro químico em quatro horas me levou a uma série de questionamentos sobre a fisiologia animal. Em alguns momentos, daria tudo para ser um mosquito. Ou um jabuti. Algum animal que não use banheiros químicos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

veio me dizer que meu comportamento era obcecado.
obmolhado, meu bem.
ob muito molhado.

terça-feira, 6 de maio de 2008

trágicas resoluções drásticas: algo contra?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

meus medíocres sonhos - parte 1

um dia
quando estiver de bobeira
vou me transformar
em um pingüim de geladeira

domingo, 4 de maio de 2008

o ateu, como explica a palavra, é aquele que não acredita em deus.
o ateu é livre para acreditar em tudo o que quiser, menos em deus.

escreve bilhetes para santo antonio, oferece brincos e pentes para iemanjá, veste o escudo e as armas de Jorge. freqüenta cartomantes de turbante, tarólogas com sotaque, acende incenso para espantar energias ruins e para chamar os que já se foram.
fuma cigarros espiritualizados, entoa cântigos de ligação com o além.
quando o bicho pega, recorre a santo expedito, bem como a oxum e a bruxas de importantes convenções.
Mas deus, não, obrigado. Esse não existe.