domingo, 24 de maio de 2009

os ansiosos

Pessoas ansiosas suam.
Falam depressa.
Têm tiques. Mesmo que discretos.

Pessoas ansiosas não sentem o sabor da comida que está na boca, mas da que está no garfo, prestes a ser engolida. Bacalhau com paladar de feijão. Arroz com gosto de laranja. Tais pessoas, coitadas, degustam na língua algo que não é mais que um pensamento.

Ainda bem que deixei de ser ansiosa.
Já faz cinco minutos.

Doação

Esse cartaz eu vi na Rua das Laranjeiras.

Doação de sangue
Doe aqui!
Aos sábados, doação com banda ao vivo e café da manhã grátis.


Agora sim, vão ganhar um bolsão de ó negativo.
Só espero que a música ao vivo não instigue a dançar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lá vem a Diana

Diana de Hollanda, escritora e amiga mais que querida, foi premiada no concurso literário do Prêmio Fórum de Ciência e Cultura, com sua obra Não saber a morte . É um blog, uma obra de literatura digital, que tem como tema o Palácio Universitário da Praia Vermelha (tema do concurso). A Di usou uns trechos do Diário do Hospício, do Lima Barreto, e escreveu outras tantas prosas e versos, e fez tantas outras conexões e eu não vou falar mais, vocês que leiam com o próprio estômago. Novas formas de literatura. Vamos experimentar.

(Viva! Tim-tim!)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pior que ter bloqueio criativo é ter uma idéia que não vai pra lugar nenhum.
Há três meses eu tenho o título de um conto: O pai só toca piano quando falta luz. E daí? Nada. Nao sei o que fazer com isso. Não vira nada, mas continua ali, dizendo que é uma idéia. Na boa, o bloqueio é bem menos aflitivo.

*

E por falar em falta de luz, aposto que eu sou a única pessoa que sabe que ontem, de 3h às 6h30, faltou luz em Botafogo. Porre devidamente tomado, eu procurava um simples vaso sanitário, no rotineiro espaço da minha casa. No escuro, virou uma terrível saga. Procurar velinha pra acender? Impossível. Lanterna? Acho que emprestei pra alguém. Moral da história: nunca tomem porre em dia de falta de luz. Recomendo ligar pra Light antes.

domingo, 17 de maio de 2009

Então nao aguentou: pousou a cabeça no travesseiro. Era um outono. Ingrato.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Abrir a água, esperar aquecer, testar.
Pulso, nuca.
Sabonete, braços, perna, tronco. Shampoo, vou comprar um novo desse, que cheiro ótimo, esponja, espuma, um pedacinho de uma música, ai esse Djavan, essa mala não me sai da cabeça. Sabonetinho do rosto número um, testa, maçã do rosto, meu queixo anda oleoso, será que essa idéia que tive pro episódio vale a pena mesmo? Sabonetinho do rosto número dois, toalha, creminhos.

Abrir a água, esperar aquecer, testar.
Saco plástico.
Banquinho.
Po, quem tirou o raio do banquinho daqui? Não, claro que eu não tava fazendo experimentos, traz de volta por favor. Ajeitar o saquinho, ver se entra água, colocar o pé no banquinho. Sabonete. Esponja. Braços, tronco, perna. Não, perna não. Muito difícil, deixa sujo. Ninguém vai reparar em uma perna suja. Pé. Não, muito longe, pé vive no chão mesmo, e no outono eu coloco sapato fechado. Como é a música-grude do Djavan? Não tá vindo, não tá vindo. Shampoo. Putz, vou ter que virar pra pegar. Se virar, posso torcer meu outro pé. Ok, sabonete no cabelo, shampoo pra quê?, shampoo é coisa de burguês, aliás eu devia escrever xampu, viva a cultura nacional. Mãos lavando o cabelo. Nem tanto, olha que desliza. Ops. Dessa vez foi quase. Sabonetinho do rosto. Ai. Deixei do lado de fora na última vez que tirei a maquiagem. Alguém pode por favor pegar o sabonete pro rosto? Algué-ém! Obrigada. Pronto. Não uso mais maquiagem, coisa de burguês, sou uma intelectual marxista. Tirar o pé do banquinho, tirar o saquinho, toalha. Curativo molhado. Cacilda. Se essa meleca molha e deforma e entorta o meu dedão. Se. Creminhos. Não, creme nenhum, eu não preciso de pele sedosa, preciso de um dedão. E da próxima vez, banho de gato.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mena Barreto

Mistério insondável: por que a Mena Barreto vive engarrafada? Por que ela engarrafa mesmo quando as demais ruas de Botafogo estão livres, como em madrugadas e feriados internacionais? Seria culpa dos engenheiros de tráfego, ou dos duendes causadores de engarrafamento? Será que um dia desenvolveremos asas, para poder atravessar a Mena Barreto? Quem, afinal, foi Mena Barreto?

***

A vantagem de morar no alto Botafogo é que, depois de subir toda a ladeira, e ver essa lua, com essa enseada, eu quase esqueço que a Mena Barreto existe.

terça-feira, 5 de maio de 2009

25!
Preciso de um creme hidratante novo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Chorar não faz sentido

Chorar não faz sentido.
Não digo que não faz sentido porque as razões do choro não valem a pena; cada um que julgue seus motivos, ora.
O que não faz sentido é o sujeito ficar angustiado, triste, muito deprimido e, no ápice da tristeza, sair água do olho.
Você fica triste e sai água do seu olho. Não encaixa.
Acho que um substituto mais coerente para o choro seria a pedra no rim. Você fica triste, muito triste, e começam a acumular pedras no seu rim (que depois são expelidas, quando a tristeza vai embora). Ou, melhor, o crescimento desenfreado das unhas. O sujeito se desespera e lá vão as unhas, crescendo sem parar.
O que não dá para entender, definitivamente, é essa aguinha que embaça tudo. Salgada, ainda por cima. E sem trema.

*
Infelizmente, terei que continuar dando crédito ao choro. Tudo por causa da fala mais bonita de Pluft, o fantasminha, peça clássica da Maria Clara Machado. Pluft vê Maribel chorando e diz à Mãe Fantasma: Mamãe, a menina está colocando o mar todo pelos olhos!
Pelo Pluft, continuemos chorando. E não com unhas enormes. Que poderiam até ser divertidas.