terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Você percebe que envelheceu quando, entre uma rabanada e um bacalhau,
seu priminho te apresenta Luciana, a fuckfriend.
(e você finge naturalidade).

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Uma maneira terna, delicada e poética de desejar as coisas mais felizes sem usar palavras catadas em árvores. Fiquei buscando, mas a queridíssima Laura mandou um email de fim de ano imbatível. nada supera as tartarugas do Cortázar.

Tartarugas e Cronópios

Agora acontece que as tartarugas são grandes admiradoras da velocidade, como é natural.
As esperanças sabem disso e não ligam.
As famas sabem e caçoam.
Os cronópios sabem e cada vez que encontram uma tartaruga, puxam a caixa de giz e na lousa redonda da tartaruga desenham uma andorinha.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Minha família fecha o ano comemorando mais uma vez muitos títulos e prêmios recebidos.

Minha priminha ganhou o nobre título de maior bebê já nascido no hospital, sobre o qual não tenho muito o que comentar.

Minha irmã ganhou o prêmio de segundo lugar no vestido mais curto do baile de formatura. ela alega que houve injustiças, uma vez que a primeira colocada tinha as pernas maiores, não trajes menores. O caso trouxe turbulência ao júri, que não soube arbitrar com eficiência sobre a relação perna/vestido.

Meu primo recebeu o prêmio de melhor bailarino da dança do quadrado no pré-carnaval de Diamantina. Sua performance foi aplaudida de pé pelos jurados. Meu primo não só fez os tradicionais "Matrix e patinete no seu quadrado", como inventou um passo próprio, que em sua homenagem foi batizado como "Bibiel Saracuru-Pirado no seu quadrado", nome que ele está tentando explicar até agora.


O residencial do Alto Botafogo está em festa. 2009 promete ser um ano de muitas outras realizações para essa nobre família. Sinto-me honrada em pertencer a tão nobre estirpe.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

TOC

Alguns de meus autores prediletos dizem que devemos escrever sobre o que vemos.

Um prendedor de cabelo laranja, um marrom, os dois jogados no pé de um cavalete de pintura, que serve de apoio um recorte de jornal e dois convites de casamento, não sei porque esse cavalete continua aqui, eu nunca pintei, devia doar pra uma ONG, quem sabe assim me redimia dos meus pecados, um teclado ergonômico quebrado, uma caixa de pílula, um bilhete para eu não esquecer uma odiosa confraternização de fim de ano, um Borges, uma Colasanti, um livro teórico cheio de adesivinhos anti-rabisco, eu ainda prefiro riscar as páginas, uma caixa de ob, um saco de absorventes noturnos, quem deixou essas fraldas aqui?, eu jamais compraria um absorvente desses, uma xícara de café pela metade, uma folha de texto meu com correções e borrões de café, um copo de suco de amora, um coador, uns CDs de rock empilhados, um brinco sem par, uma tabela de conjugação de verbos em alemão, umas formigas passeando, já não passei inseticida aqui?, de repente essa é uma nova espécie, um porta-canetas, uma web cam desconectada.


Invejo, como invejo, as pessoas que têm TOC de arrumação.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Por favor, comentem esse post, que acaba assim que eu colocar o ponto final.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Um homem-estátua por esquina no Largo do Machado:
dezembro está perto do fim.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O tapa

- É, eu sei.

A verdade é que eu estava sem saco para explicar direito. Dizer que eu praticava arte marcial, que vivia cheia de hematomas, que ela não se preocupasse, que não machucava muito não, que a perna e no braço estavam sempre roxos, eu só queria que ela me depilasse rápido, embora estivesse aproveitando o ar-condicionado.

Ela puxava a cêra delicadamente, mas ainda assim doía. Fechei os olhos para ver se distraía a dor com alguma besteira de pensamento, isso funciona muito, serve pra qualquer coisa. Levei um susto quando escutei aquele sussuro no meu ouvido:

- Eu também gosto de fazer apanhando.

- Hã?

- Olha só.

Me mostrou a nuca e o antebraço, marcas de roxo esparramado. Pensei em revelar que só gosto de luta no do-jo, mas o caminho não parecia ter volta.

- Foi meu marido que veio com essa idéia. No começo eu não acreditava que não doía. Mas agora eu nem sinto nada. Parece carinho, né?

Puxou a cêra com mais força. Tive um impulso de berrar, mas segurei, saiu só um grunhido, na verdade abafado pela mulher da cabine ao lado, que berrava sem parar. A depiladora não percebeu. Ainda bem. Não podia me mostrar fraca, ainda mais com uma cêrazinha à toa.

- E você bate no seu marido também?

Silêncio. Peraí, vai dizer que ficou ofendida com a pergunta? Eu estou aqui, sendo depilada, entregue ao nada, agora responde, po.

- Estou começando a bater agora.

Ela pareceu lembrar de como batia bem e caprichou na puxada. Recolhi todos os urros que quis dar para o útero, não saiu nenhum. Eu não sou seu marido. Pára de bater em mim. Olha que eu revido.

- E você sabe que gosto? Ele fica submisso. Aceita. Acho que é bom pra ele também. Só tem que não posso dar na cara, senão o pessoal do trabalho dele repara. Dou no braço, na barriga. Comprei umas blusas novas pro Tomás, de manga comprida.

Tomás. Nome de santo.

- O que eu não gosto mesmo é arranhão. Nem soco.

- Golpe de mão aberta espalha mais a força, dói menos. Dá tapa. Soco é mais concentrado.

Juro que não queria dar pitaco. Só queria escutar a mulher. Mas já tinha falado.

- Tapa assim?

- Não, flexiona um pouco os dedos. O polegar fica junto. Agora arqueia. Isso. Se quiser usar o golpe na vertical, tem que fazer assim, ó. E na garganta é assim. Só não pressiona demais, porque isso sufoca rápido.

Ela ficou treinando na minha frente, enquanto procurava a pinça. Uns tapas sem forma, sem força, sem integração com o resto do corpo. Tapa bem dado não é assim, minha querida, presta atenção, tem que vir mais de longe, conserta essa posição, senão não faz efeito, isso aqui não é nada, nem merece o nome de tapa, tive vontade de corrigir, foi então que não sei porque, mas não sei como mesmo, eu levantei e dei um puta tapa nela. Esborrachado, no meio da cara.

*
(continua no meu word... não consigo escrever/publicar coisas maiores aqui nesse editor!)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Miau.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Scrr! Scrr!

eu ia fazer um pst sbre um aparelh muit nteressante que cmprei para cçar as cstas.
mas a letra nã está funcinand e eu desisti.
just essa semana que cnseghui alguns nvs leitres para as velhas. atençã nã é velhas! leiam direit: velhas. velhas.
pensei em seguir cnselh de um amig e usar 0. mas cçadr de cstas ia virar c0çad0r de c0stas, que me pareceu h0rr0r0s0.
aliás, hrrrs é a melhr palavra para se escrever sem a letra .

*
entã vu fazer um manifest sbre certs cmentáris que recebi:
esse nã é um blg nn sense. é uma página séria e infrmativa. eu nã public mentiras nem cnteúd ficcinal. tud aqui é verdadeir. tud. até gstaria de inventar alguma cisa, mas nã tenh talent.

abaix nn sense!

*
quer escrever uma frase inteira sem a letra . vu tentar:
em frente a casa de bia havia um creme de barbear.
supracitada dentista desenha bebês.
perfume de alfazema avec chantilly.

*
querids nvs leitres, nã se assustem. a letra prmeteu vltar em breve.
enquant ss vams ns dvertr cm utras banaldades.
ah! cadê a letra ? cadê? assm fca mpssvel!
scrr! scrr!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sonham os andróides com ovelhas elétricas?

Sonham os andróides com ovelhas elétricas?

Esse é o título do livro de Philip Kindred Dick que inspirou Ridley Scott a fazer o famosíssimo filme Blade Runner.

Me dei conta de que não há nenhuma ovelha elétrica nesse blog. A Amélia é ovelha humana, a Helga só tem um rim de urânio.

Vou ter que inventar uma ovelha elétrica, para o bem dos andróides.
Porque, na minha modesta opinião, os andróides sonham diariamente, incondicionamente e prazerosamente com elas, as ovelhas elétricas.

(Pelo menos eu sonho. E olha que me tornei andróide há pouco tempo.)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

a parte

o olho é um pedacinho do cérebro que rompe a pele.

ela olhou bem no meu olho, com aquele pedacinho de cérebro azul, e disse: sai.
eu nunca mais acreditei em pedaços de cérebro azuis.