segunda-feira, 2 de abril de 2007

Passe-livre

Os políticos tiraram o passe-livre dos estudantes. Tirar o passe-livre é uma coisa que começa com o Riocard. Depois, vai parar no reino do indizível.

Tudo começa naquela cartela de plástico laranja-horrenda com uma foto péssima do andarilho. Mas o tal Riocard é mais que uma carteira, é um passaporte para o mundo da estupefação. O estudante secundarista que marca um cinema com a gata mais gata da escola, se arruma todo e estufa o peito antes de saltar do ônibus, usa o Riocard; o bobo da quinta série que joga futebol toda quarta com os primos, num campo deserto onde também se descobrem outros segredos da vida, usa o Riocard; o galhofeiro da oitava que pinta o cabelo de abóbora e vai pra praia de 484 no domingo, com metade do corpo para fora da janela, cantarolando os proibidões, esse também usa o Riocard. Tudo bem, todos eles, em algum momento, vão utlilizar aquele plástico para botar uma camisetinha assim assim e ir à escola. Quem sabe até lerão um livro na biblioteca. Quem sabe visitarão um museu, para saber um pouco mais sobre o barroco mineiro. Mas isso é o de menos. O que importa é que o Riocard leva ao indizível.

Um comentário:

aqui disse...

fiquei com vontade de ler mais desse