quinta-feira, 5 de abril de 2007

Mandíbula html

- Olha, menina, pelo que estou vendo aqui vou ter que desprogramar a sua mandíbula.

Nunca pensei que fosse ouvir isso na minha vida. Muito menos de uma estranha, cinco minutos depois de conhecê-la. Hã? Fazer o que com a minha mandíbula? Faz com a sua, pô. Não sabia nem que tinha mandíbula direito, muito menos que ela poderia ser desprogramada.

- Quantos anos vc tem? Hum. Jovenzinha. Mas, se vc não desprogramar a sua mandíbula hoje, aos quarenta pode conhecer o infermo.

Pe-peraí. Tudo bem que posso ser novinha e sem noção da idade da loba. Mas acho que, aos quarenta, existem problemas maiores do que lamentar a não-desprogramação mandibular aos vinte. Isso é mentira. Olha que te pego na esquina.

- Você pode sentir areia no ouvido, espetada na coluna, e muita dor de cabeça. Aliás, vc não tem dor de cabeça, não? Incrível. Devia ter. Mas o pior mesmo é o zumbido no ouvido, que é irreversível. Seu caso é catastrófico. Olha isso aqui, olha essa estalada, está arrebentando com o seu menisco! Vem ver, fulana!

Vem cá, e se eu quiser a experiência estética de ouvir zumbido o dia todo? Tem gente que escuta a Ivete o dia todo, eu vou escutar o meu zumbido, autoria própria. E esse negócio do menisco é dose. Achava que menisco era uma parte do joelho. Aquela que atrapalhou a vida do Ronaldinho. Boca e menisco para mim não combinam. Parece que eu mordi o joelho de alguém e o menisco foi parar na minha boca.

- Então, menina, é isso aí. Vc vai ter que desprogramar a sua mandíbula. Funciona assim: vc usa uma plaquinha nos dentes, ela desordena a maneira como a sua mandíbula está funcionando, daí depois vc percebe o que estava errado na programação, e podemos reordenar o funcionamento da sua mandíbula da maneira correta. Quantos anos vc tem mesmo? Então. É agora ou nunca.

Fiquei imaginando o código html da minha mandíbula. Aspas, caninos, números, molares, acentos, uma confusão de sintaxe. A informática invadiu todos os campos da minha vida. Os mais secretos. Agora tenho html na boca. Imagina o que não tem no resto do corpo.

Um comentário:

Anônimo disse...

no momento queria desprogramar meus pensamentos.. heheheheh um botão de off.