quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Algodões, 4, quem dera




Escrever em álbum de fotos, olha que coisa mais atrasada. Colocar em envelope, ir na agência dos Correios. Estou aqui me perguntando quando foi que resolvi começar a escrever esse álbum para você. Foi uma decisão tão repentina. Aposto que você está achando que eu planejei, claro, que bolei isso tudo para tirar uma onda com a sua cara. Quem dera. Não consigo me planejar nem para acordar meia hora mais cedo e fazer umas abdominais.

Só estou fazendo esse álbum porque entrei em férias. Não exatamente férias de trabalho, mas férias de amor: meu amor não está aqui. O Pedro saiu tem dois dias. Ele havia me proibido de entrar na choupana, disse que isso aqui poderia me lembrar você, que eu ia fazer alguma besteira. Eu não reagi: gosto de proibições. Aliás, só fiz essas fotos porque ele me proibiu de entrar. São fotos escondidas. Como se alguma coisa registrada pudesse ser escondida.

Essa foto quase não entra. Minha mão, um algodão. Um tecido que se forma aos poucos, como esse álbum, como a nossa história.

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