sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Gente fina

Arthur era principiante, mas lembrou bem das dicas que escutou do chefe quando chegou no bangalô.

Gente fina não dá furo. Tem sempre um comentário apropriado, que oscila entre a soberba e o bom-humor. Gente fina sabe o que está acontecendo no Pará, em Nova Iorque e em Moscou, e lê todos os cadernos do jornal com igual (des)interesse. Gente fina sabe ponderar e chegar a um meio termo, e talvez tenha até uma certa obsessão pela palavra ponderação. E gente fina nunca surpreende demais, para evitar gafes.

Gente fina sabe muito bem fingir que não é gente fina. E até zombar, principalmente quando está entre os gente fina. Gente fina não peida, não arrota, nunca teve ferimento com pus amarelo-limão. As vacinas dos gente fina estão sempre em dia, bem como o passaporte. Gente fina ri com os lábios, sem barulhos esquizóides. E, principalmente, gente fina não gargalha.

Lá dentro, Oliver teve uma surpresa, quando viu Tatiana usando fio-dental depois de chupar manga. Lá fora, Arthur testava o silenciador, porque gente fina não gosta de estrondo.

2 comentários:

Unknown disse...

não entendi...

Anônimo disse...

sabe que eu gostei do gente fina?