quarta-feira, 23 de março de 2011

Na biblioteca - 1 de muitas

- o cara ao meu lado, na biblioteca, apoiou o seu livro em um pano. Lê com uma voracidade absurda, imerso no papel, e faz um movimento contínuo com a cabeça. Ah, que curiosidade eu tenho em saber o que ele está lendo. Ele parece rezar. Corpo pra frente e pra trás. Eu devia estar me concentrando aqui, mas já escrevi uma cena, me esmerilhei, ficou bom, e estou na pausa.

Vou fazer um versinho, então. Sobre uma revisora apaixonada.


A revisora apaixonada

Meu amor
não me repudia
só quero corrigir seu cê cedilha

- E esse outro maluco mexendo no celular? Saco. Biblioteca é um antro de desordem. Opa, o cara da suposta bíblia levantou. Vontade de ir lá ver o que é. Opa, meu vizinho já foi. Ele está bem vendo o que é o tal livro. Ah, perverso. Com aquela cara de santo, lendo de olhinhos fechados, estava bem de olho no leitor-rezante. Lembrei de um verso do Quintana.

Mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer.

Fim desse capítulo.

3 comentários:

Jeanne Duval disse...

"felicidade se encontra em horinhas de descuido", compõe bem com isso, não acha? Acho bem amor de revisora: opa! que lindo, um aposto, um vocativo. Tô feliz. Te amo.

Nadja G. disse...

Oi, Clara! Sou a Nadja, amiga da Carol. Adorei seu blog!! Beijo

aqui disse...

detesto as bibliotecas. impossível se concentrar com tanta coisa acontecendo