terça-feira, 1 de julho de 2008

A mesma ponte, o mesmo rio, os mesmos carros. Apenas a agonia era diferente. Já estava acostumado com agonias, sabia até mesmo controlá-las, às vezes roía as unhas, tomando cuidado para não moer demais, às vezes enfiava as mãos nos bolsos, só que essas merdas de calças modernas têm bolsos muito pequenos. A ponte, o rio, os carros. Dali haviam se jogado talvez umas cento e trinta e sete pessoas no último ano, eu digo cento e trinta e sete porque não sei o número e tudo que se finaliza em sete é muito específico e passa verdade, embora eu não saiba bem o que é verdade. Isso já me dizia uma namorada antiga, que não chegou a me ver roendo as unhas, muito menos escrevendo a carta que deixei para a minha mãe, que eu marquei com sangue, porque um dia vi isso num gibi e gostei. A ponte, o rio. A água parecia gelada, e se eu não morresse na queda ia morrer de frio. Nunca tive medo de morrer. Nunca quis morrer dormindo. Morrer calmo. Fosse isso, teria tomado uns remédios. Tenho medo mesmo é de não morrer. E se eu apenas fraturasse a mandíbula? E se apenas ficasse sem um braço, ou tivesse somente metade do cérebro paralisado? Vesti minha jaqueta de couro e suspirei fundo.

4 comentários:

diana de hollanda disse...

boa neura.

Clara disse...

Oh, yeah.

meu nome é meu disse...

acho que você não conseguiu ainda o final.
esse final não está bom.
trabalhe o final desse suicídio.
lembre-se sempre: the end, deve aparecer o 'the end'.
(uma música dos beatles? Here there and everywhere?)

Clara disse...

Manu, manoquinho, nunca respondo comentários porque normalmente não sei o que dizer. Mas como é madrugada, como estou escutando Jimi Hendrix, como tenho duas passagens na mão, abro uma exceção: saudades, seu puto. E agora? Agora um beijo. Tchau.