domingo, 12 de agosto de 2007

Priscila, minha amiga de escola

Com a Priscila eu estudei o primeiro e o segundo anos. Ela tinha peitos enormes. Os sutiãs eram sempre coloridos, embaixo do uniforme colegial. Tinha uma verruga horrorosa no ouvido esquerdo. Ou direito, não lembro muito bem. Tinha ranço de francesa, falava meio fazendo biquinho, e os meninos gostavam. Colava pra dedéu. Sempre do cara da frente. Ou do lado, não me lembro muito bem.

A coisa mais bonita que me lembro de Priscila é que ela tinha um caderninho secreto. Com a letra gorda de quem pouco escreve, havia preenchido uma brochura inteira. Só sonetos de Vinícius. Categorizou em fases de namoro: início, deslumbramento, realidade, decepção, fim. Um dia ela me mostrou o caderninho. Tem certeza? Tenho, abre aí. Nossa. Você lê para os namorados, Priscila? Não, mas os sonetos me acalentam. Quer um? Toma aqui. E rasgou a página.

Priscila queria ser engenheira. Ou oceanógrafa, não lembro muito bem.

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