Todo dia, do trabalho para casa, eu tomo uma kombi. A kombi da Cardoso. Na verdade, são dois motoristas que se revezam, o Seu Dionísio e o Seu Marcos. O Seu Dionísio é surdo, meio cego e, mesmo assim, motorista. Isso é que é persistência. O Seu Marcos é todo alegrinho, bem vestido, pastor numa igreja e vive me dando conselhos. Eu aceito todos.
Os papos da kombi são ótimos. Aumento no preço da farinha rende umas três viagens. A existência do sete peles, então, dura um mês. Dia desses a velhinha falou pro Seu Marcos, o motorista pastor, que acha que ele não é cristão de verdade. Ele não deixou barato: prometeu nunca mais comprar fermento pra ela. Semana passada a vizinha da casa laranja apareceu com um buquê de flores e disse que era presente de uma colega de trabalho, que deu assim na base da amizade. Na base da amizade? Isso me cheira a lorota, grunhiu Seu Dionísio. Daí eu ajudei a montar uma desculpa pra ela contar pro marido. Ainda não sei se funcionou.
Hoje conversei com uma vizinha que quer morar em Miami. O frio do Rio é muito fajuto, ela explicou. E tinha também uma mulher que não suporta andar para trás. Sabe aqueles bancos de kombi que ficam andando de costas? Então. Ela não senta ali nem a pau. Acha atraso de vida.
É por isso que não moro no asfalto.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
A kombi da Cardoso
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