quarta-feira, 9 de julho de 2008

A palestra

Essa semana fui ao IFCS ver a incrivelmente anunciada palestra do Edgar Morin. Para quem não sabe, Morin é um filósofo, um dos grandes autores do século XX, participou da resistência francesa à segunda guerra, publicou inúmeros títulos. Concordemos ou não com sua arquitetura de pensamento, é um grande nome.

Chegar no IFCS já é uma experiência surpreendente. Eu, que achava que ia ser convocada para a luta armada logo ali nas escadas, recebi um panfleto de pensão para moças e outro de aulas de espada. Sentei-me no lotadíssimo chão, completamente esmagada, forçando ao máximo a minha capacidade contorcionista, que não usava desde o dia em que fugi com um circo chinês.

Morin falou em uma mistura de português com espanhol com sotaque francês que demandava um esforço severo de compreensão, devidamente recompensado pelas idéias interessantes que trazia sobre os circuitos da condição humana. Fim da palestra, palmas, muitas palmas, muito bem, agora o público pode fazer perguntas.
Uma mulher logo agarrou o microfone.
Morin, o que o senhor acha das pessoas-melancia?
Hã?
Isso, as pessoas que são verdes por fora, ecologistas, e vermelhas por dentro, comunistas.
Burburinho geral. Nunca escutei uma coisa tão idiota na minha vida - e olha que sempre estou ouvindo as mais truculentas besteiras. A vergonha atravessou a sala em meio segundo: trezentas pessoas com vontade de enterrar a cabeça naquele chão cheio de cupim. Morin fingiu que não entendeu a pessoa-melancia e fez algumas divagações sobre o capitalismo.
Ao fim, a mediadora agradeceu a presença do mestre, que não só veio ao Brasil mas "nos dava a honra de passar seu aniversário conosco". Não é difícil adivinhar o resto. Alguém lá atrás puxou e o auditório cantou parabéns pro Edgar. Rá-tim-bum, Edgar, Edgar! Dessa vez o próprio Morin parecia mais do que envergonhado.
Saí de lá e fui com umas amigas no Café Cavé. Pedi um mil folhas. Pelo menos ele estava delicioso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olha, foi tudo estranho mesmo, não foi válido, nem tendência, nem pertinente. Não valeu.
Só valeu nosso chá mesmo...
beijuuuu

Unknown disse...

Minha queijadinha tava sensacional tb.

Carol disse...

hahahahahahahaha

que engraçadooo

imagino a cara dele...

Anônimo disse...

Dia 9 de julho é feriado em São Paulo. Revolução Constitucionalista, em 1932.
Pela ocasião e pela efeméride bossa nova (que ninguém mais agüenta), houve um show no Parque Ibirapuera.
Entre os convidados, Marcelo D2. O patrocinador, um banco, distribuiu cachecóis laranja para quem assistia _tava frio pra dedéu.
Nada mais bossa nova, nada mais natural.

Conclusão: cada um na vida que escolheu. Você no filósofo com vergonha alheia. Eu, no frio com vergonha alheia.

Anônimo disse...

Café Cavé... lá tem um mil folhas de doce de leite... hummm