quinta-feira, 31 de julho de 2008

ninja três vezes por semana, durante uma hora
socos e chutes de frente, com a força do quadril
defesa ligeiramente de lado, para diminuir a zona exposta
respiração com grito para liberar a energia
golpe no pescoço que deixa o outro desacordado
kata, kiai, gedan barai
e a meditação no final
devia ter feito isso antes.
vai encarar?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

ih,
acho que você caiu na página errada.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Felicidade digital

Oiê. Risos.
Olá. Risos.
Faz tempo que vc não entra aqui, risos, hein?
Pois é, risos. Passei um tempo sem poder.
Ah, é? Não vou negar, risadas, eu bem reparei.
É. Operei a retina, risos.
Puxa, logo a retina, risos. Mas agora está melhor?
Estou. Vejo vultos, risos, com o olho esquerdo. E vc? O que tem feito?
Nada de importante. Entro, posto, comento, converso, rs.
Vida normal, rs.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

a melhor maneira de adquirir outra personalidade é colocar um perfume.
hum.
anteontem saí de mulher-aranha suicida.
a-hã.
está duvidando?
imagina, meu bem.
imagino, muito bem.

domingo, 20 de julho de 2008

101

Eu sou pobre, pobre, pobre
De marré, marré, marré
Eu sou pobre, pobre, pobre
De marré Dercy

Essa eu tirei de uma exposição em homenagem à Dercy, que rolou ano passado na Casa de Cultura Laura Alvim. Dercy disse que só ia morrer quando quisesse. Assim fez. 101, muitas pelancas, carteirinha de puta e cidadã honorária. Não é mole. Viva ela, viva um montão.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ontem conheci um sujeito que nunca tinha lido Cortázar.
Engraçado.
Parecia ser uma pessoa absolutamente normal.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

a alma ao diabo em plena Rio Branco

Financiadora Dinheiro Rápido
S/ avalista
S/ conferência no SPC
S/ juros muito altos
Entrega na hora

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Dieta

Decidi me tornar uma pessoa séria.
Para não ter ataque de riso porque o professor de alemão está com o zíper aberto.
Para não chorar escutando fado.
Começo na próxima segunda-feira.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A palestra

Essa semana fui ao IFCS ver a incrivelmente anunciada palestra do Edgar Morin. Para quem não sabe, Morin é um filósofo, um dos grandes autores do século XX, participou da resistência francesa à segunda guerra, publicou inúmeros títulos. Concordemos ou não com sua arquitetura de pensamento, é um grande nome.

Chegar no IFCS já é uma experiência surpreendente. Eu, que achava que ia ser convocada para a luta armada logo ali nas escadas, recebi um panfleto de pensão para moças e outro de aulas de espada. Sentei-me no lotadíssimo chão, completamente esmagada, forçando ao máximo a minha capacidade contorcionista, que não usava desde o dia em que fugi com um circo chinês.

Morin falou em uma mistura de português com espanhol com sotaque francês que demandava um esforço severo de compreensão, devidamente recompensado pelas idéias interessantes que trazia sobre os circuitos da condição humana. Fim da palestra, palmas, muitas palmas, muito bem, agora o público pode fazer perguntas.
Uma mulher logo agarrou o microfone.
Morin, o que o senhor acha das pessoas-melancia?
Hã?
Isso, as pessoas que são verdes por fora, ecologistas, e vermelhas por dentro, comunistas.
Burburinho geral. Nunca escutei uma coisa tão idiota na minha vida - e olha que sempre estou ouvindo as mais truculentas besteiras. A vergonha atravessou a sala em meio segundo: trezentas pessoas com vontade de enterrar a cabeça naquele chão cheio de cupim. Morin fingiu que não entendeu a pessoa-melancia e fez algumas divagações sobre o capitalismo.
Ao fim, a mediadora agradeceu a presença do mestre, que não só veio ao Brasil mas "nos dava a honra de passar seu aniversário conosco". Não é difícil adivinhar o resto. Alguém lá atrás puxou e o auditório cantou parabéns pro Edgar. Rá-tim-bum, Edgar, Edgar! Dessa vez o próprio Morin parecia mais do que envergonhado.
Saí de lá e fui com umas amigas no Café Cavé. Pedi um mil folhas. Pelo menos ele estava delicioso.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Horário de almoço.
Volte mais tarde.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A mesma ponte, o mesmo rio, os mesmos carros. Apenas a agonia era diferente. Já estava acostumado com agonias, sabia até mesmo controlá-las, às vezes roía as unhas, tomando cuidado para não moer demais, às vezes enfiava as mãos nos bolsos, só que essas merdas de calças modernas têm bolsos muito pequenos. A ponte, o rio, os carros. Dali haviam se jogado talvez umas cento e trinta e sete pessoas no último ano, eu digo cento e trinta e sete porque não sei o número e tudo que se finaliza em sete é muito específico e passa verdade, embora eu não saiba bem o que é verdade. Isso já me dizia uma namorada antiga, que não chegou a me ver roendo as unhas, muito menos escrevendo a carta que deixei para a minha mãe, que eu marquei com sangue, porque um dia vi isso num gibi e gostei. A ponte, o rio. A água parecia gelada, e se eu não morresse na queda ia morrer de frio. Nunca tive medo de morrer. Nunca quis morrer dormindo. Morrer calmo. Fosse isso, teria tomado uns remédios. Tenho medo mesmo é de não morrer. E se eu apenas fraturasse a mandíbula? E se apenas ficasse sem um braço, ou tivesse somente metade do cérebro paralisado? Vesti minha jaqueta de couro e suspirei fundo.