Botafogo é parte da Zona Sul B, conforme denominação de um amigo meu.
Botafogo se encolhe tímido entre Copacabana e Flamengo, sem a popularesca putaria de uma e sem a elegante decadência do outro. Botafogo descuida de si, em suas ruas maltratadas e sempre em obras, em seus engarrafamentos intermináveis, cuja causa é sempre qualquer coisa idiota, indigna de ser narrada no jantar. Botafogo não quer ter atenção. Ao contrário: gosta de expulsar seus visitantes para qualquer canto da cidade, seja de ônibus, metrô, táxi ou de vans piratas com moleques berrantes. Talvez para aumentar a sua derrocada, Botafogo é um bairro nacionalista. Ostenta vias de nomes pomposos, Voluntários da Pátria, Real Grandeza, que são pronunciados como nomes de virose pelos habitantes - incapazes de viver sem os tropeções nas calçadas estreitas. Apesar da ênfase patriota, Botafogo nunca foi palco de um acontecimento histórico que justificasse seus nomes, mas toma isso sem a menor amargura. As favelas de Botafogo não são nada demais. Não brilham como a Rocinha e a Maré e não têm traficantes de alto renome. Quem sabe as favelas de Botafogo talvez preferissem se mudar para a Tijuca.
Não se faz nada suportável em Botafogo.
Aqui se pode ir ao médico, pagar contas, fazer abdominais, comer no chinês e, por que não, morar.
Eu vejo Botafogo do alto. Ainda assim, dentro dele.
domingo, 17 de agosto de 2008
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Um comentário:
Não esqueça da cultura! Botafogo é pomposo também na cultura: cinemas, casas de cultura, mais cinemas. E os bares? Nem um pouco óbvios... Vai dos sambas da Matriz até ao rock do Bukowski.
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