Arthur era principiante, mas lembrou bem das dicas que escutou do chefe quando chegou no bangalô.
Gente fina não dá furo. Tem sempre um comentário apropriado, que oscila entre a soberba e o bom-humor. Gente fina sabe o que está acontecendo no Pará, em Nova Iorque e em Moscou, e lê todos os cadernos do jornal com igual (des)interesse. Gente fina sabe ponderar e chegar a um meio termo, e talvez tenha até uma certa obsessão pela palavra ponderação. E gente fina nunca surpreende demais, para evitar gafes.
Gente fina sabe muito bem fingir que não é gente fina. E até zombar, principalmente quando está entre os gente fina. Gente fina não peida, não arrota, nunca teve ferimento com pus amarelo-limão. As vacinas dos gente fina estão sempre em dia, bem como o passaporte. Gente fina ri com os lábios, sem barulhos esquizóides. E, principalmente, gente fina não gargalha.
Lá dentro, Oliver teve uma surpresa, quando viu Tatiana usando fio-dental depois de chupar manga. Lá fora, Arthur testava o silenciador, porque gente fina não gosta de estrondo.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Gente fina
Postado por Clara às 07:39
Marcadores: três frases para um melodrama
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
não entendi...
sabe que eu gostei do gente fina?
Postar um comentário