A unha comprida serve para arranhar, catar piolhos, ser pintada. Entretanto, a principal finalidade de uma unha comprida é intermediar o contato com o mundo. Com o dedo e as unhas curtas, o contato é imediato: pego a lata de coca, sinto; se quero as moedinhas, apalpo, se viro a página de um livro, tateio. Com a unha comprida, bau-bau. Temos que erguer um pouco os dedos para fazer qualquer coisa. A unha está ali para determinar os contornos entre os objetos, para dizer que não somos todos contígüos, para confirmar correntes filosóficas sobre a alteridade e suas decorrências. (Eita, quase me perco nessa.)
Às vezes algumas coisas ficam escondidas nas unhas compridas. Outro dia mesmo achei um dente de leite, que tirei aos oito anos e nunca mais encontrei. Além disso, eu dou diversas utilidades às minhas unhas. Pinto de "deixa beijar" - alô rapazes, esse é o nome do esmalte - e lixo ora quadradas, ora redondas.
Ah, sim, e digito incessantemente no teclado, escutando o tic-tic-tic das unhinhas, que parecem gostar mais dos tempos em que tinham piolho para catar.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
as unhas compridas
Postado por Clara às 22:57
Marcadores: o corpo fala
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4 comentários:
Aí, Clara,
acho que os cobradores de ônibus vão discordar de você na parte das moedinhas.
e eles também tem uma filosofia: tudo na vida é passageiro...
perdão, mas quem é vc?
hum... digamos que garotas gays tem toda uma filosofia diferente com relação ao tamanho das unhas. Já pensou sobre isso?
hihihi (parafraseando comentário do post acima)
;)
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