Gosto de andar de ônibus. Estranho, né? Demora, é quente, no verão rolam umas baratas, e se vc está em pé sempre pinta um espertão para ficar atrás e tirar uma casquinha. Andar de carro parece muito melhor. Mas nem sempre é.
Um dos momentos que eu mais gosto nos meus passeios de ônibus pelo Rio é quando se passa em frente a uma igreja. A galera está lá no transe, ouvindo música, pensando na vida, olhando para ver se vai entrar assaltante, de repente tudo pára e todos - tcham - se benzem. Em qualquer canto do Rio, é batata: passou em frente a uma igreja, os passageiros se benzem. O ônibus vira uma missa móvel. Não estamos mais nos locomovendo de um ponto a outro, assim, objetivamente: somos passageiros da viação Saens Pena e passageiros dessa vida comezinha, que um dia acabará. Da terra viemos, pelos ônibus passaremos, à terra retornaremos.
Quando comecei a andar de ônibus, lá nos meus 11 anos, achava aquilo tão estranho. Um momento de sentimentalismo em pleno 409. Mas confesso que não demorei muito para adotar a cruz. Não custa nada, né? Também preciso de uma mãozinha. É, ainda me enrolo um pouco. Nunca sei o leste-oeste da cruz grande. E com as mini-cruzes (perdoem a terminologia) que vem a seguir, me enrolo mais ainda. Não sei muito bem se é na testa, na boca, o que vem primeiro, só sei que é pequenininha. Faço assim mesmo. Às vezes vem uma beata me corrigir. Daí eu explico que, poxa, eu só quero pedir uma ajudinha daí da eternidade. E funciona.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Missa ambulante
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Um comentário:
e no final do sinal da cruz, eles beijam a mão. intrigante...
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